quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Douro Vindimas (máquina que substitui 70 homens)



Na Região Demarcada do Douro as máquinas estão a substituir, aos poucos, o trabalho do homem, trocando o corte das uvas pelas mãos humanas por uma gigantesca máquina de vindimar que faz o trabalho de 70 vindimadores.
A Barrere é uma máquina de grandes dimensões, alugada pela Real Companhia Velha (RCV) a uma empresa francesa, que pelo segundo ano consecutivo está a vindimar na Quinta Casal da Granja, no planalto de Alijó, mesmo no coração da região duriense.
Esta máquina está a complementar o trabalho de dezenas de vindimadores, a maioria disponibilizados pelo empreiteiro agrícola Agripenaguião, que estão a trabalhar para a RCV naquela quinta.
"Para fazer o corte que a máquina faz seriam precisos 70 vindimadores", afirmou à Lusa o técnico da RCV, Sérgio Soares.
Soares acrescentou que a RCV é uma das poucas quintas do Douro a requisitar os serviços da Barrere.
Segundo salientou, para além da maior rapidez e do preço inferior à mão-de-obra, a máquina pode trabalhar de noite e durante várias horas seguidas.
Um único operador conduz a Barrere, cuja altura permite passar por cima das videiras de forma a que os batedores laterais (tipo tubos de plástico) façam cair os vagos numa espécie de conchas, transportando-os para a parte superior, onde o lixo é separado e as uvas depositadas em tambores, que depois são despejados nas carrinhas e tractores.
Sérgio Soares referiu que a primeira experiência com a Barrere foi feita, em 2006, em 15 hectares de vinha e o resultado foi tão positivo que este ano a RCV voltou a alugar a máquina para vindimar 40 hectares dos 160 da Quinta Casal da Granja.
Mas, para a máquina vindimar, é necessário que o terreno seja plano, que os esteiros das vinhas sejam de pau ou alumínio, o primeiro arame do valado tem que estar a uma altura superior aos 50 centímetros e tem que ser feita uma poda de cordão.
O objectivo da empresa, segundo o técnico, é que, daqui a 10 anos, a vinha na Quinta da Granja seja quase toda renovada e mecanizada, para que "a máquina de vindimar possa ir a quase todo o lado".
Algumas vindimadoras seguem atentamente o trabalho da máquina, tendo como função apanhar os poucos cachos que ficam para trás.
Apesar de ocupar o lugar dos vindimadores, estas mulheres não acreditam que um dia as máquinas substituam por completo o trabalho do homem na vinha.
O caseiro da quinta, Eduardo Pires, também há 20 anos a trabalhar para a Real Companhia Velha, vê a Barrere "como uma coisa boa".
"Cada vez é mais difícil arranjar quem queira trabalhar", afirma.
O trabalho na vinha começa em Novembro e só acaba em Outubro, durando quase um ano.
No entanto, e segundo Eduardo Pires, "dá sempre um "gostinho especial" ver as videiras "carregadinhas" de uvas na altura de vindimar.
Fernanda Leite, com 37 anos, está pelo 21º ano consecutivo a cortar uvas na Quinta Casal da Granja, um trabalho que diz não gostar muito porque é "muito sujo".
E a se a máquina de vindimar ainda é uma novidade neste local, o mesmo não se pode dizer dos robôs que substituem a pisa a pé nos lagares de granito ou das cubas de inox onde é feita a fermentação mecânica.
A maior parte dos grandes vitivinicultores da mais antiga região demarcada do mundo estão já a recorrer aos novos equipamentos tecnológicos para a vinificação do vinho.
Na Quinta do Noval, junto ao Pinhão, são oito os lagares tradicionais de granito onde se fazem os seus melhores néctares.
A enóloga Ausenda Matos explicou à Lusa que as melhores uvas, dos 140 hectares de vinha da propriedade, são as escolhidas para colocar nos lagares, onde a primeira pisa está a cargo dos homens.
"Os homens entram no lagar durante cerca de três horas e, num passo militarizado, vão percorrendo toda a superfície até à fermentação do mosto", frisou.
O trabalho posterior fica entregue ao robô, uma espécie de pés mecânicos, que faz o restante trabalho até que o mosto é colocado nos tonéis de madeira antiga, onde o vinho fica a estagiar até ao Inverno.
Esta é já a vigésima vindima daquela enóloga na Quinta do Noval, que produz uma média de 500 a 600 pipas de vinho, anualmente.
Este ano foi, para Ausenda Matos, "difícil" por causa da irregularidade do clima, no entanto, considera que os vinhos estão a revelar "bons aromas, uma boa cor e estrutura".
A enóloga defende que, na primeira fase da pisa da uva, "é muito importante o pé e o calor humano", pois consegue-se "uma melhor maceração das uvas e uma melhor extracção dos taninos".
"Os melhores vinhos do Porto resultam do trabalho dos homens nos lagares", sublinhou.
Destacou como principais problemas da pisa a pé a falta de mão-de-obra, já que considera que se trata de um trabalho "duro e monótono".
Toda a produção dos 530 hectares de vinha que a RCV possui na Região Demarcada do Douro, espalhados pelas quintas das Carvalhas, Cidrô, Aciprestes, Casal da Granja e Síbio, é levada o centro de vinificação na Granja.
Cabe ao enólogo norte-americano Jerry Lupper separar as melhores uvas, que são levadas para os cinco lagares de granito, de onde saem os vinhos topo de gama da Real Companhia Velha.
"As uvas são especialmente seleccionadas para os lagares, onde os volumes são mais pequenos, há uma melhor extracção da cor e taninos, aromas e sabores da uva", sublinhou.
No entanto, Jerry Lupper diz que recorre ao homem para o primeiro corte, apenas porque esta é "fase mais difícil" em que as uvas têm que ser separadas do engaço.
A grande maioria das uvas são esmagadas, os vagos são separados do engaço e direccionadas, através de tubos, para as cubas de inox autovinificadoras, dentro das quais se processa a fermentação do vinho, que demora em média, para os tintos, cerca de uma semana.
Neste centro de vinificação, a RCV possui 36 cubas, duas das quais possuem robôs.
"Em todas as vasilhas, excepto nas automáticas, consegue-se controlar todo o processo de fermentação dos vinhos", salientou Lupper.
Os lagares de granito, ao longo dos últimos anos, foram perdendo importância, acabando mesmo a maioria por ser agora motivo de adorno.
No entanto, com o seu contributo para a produção de vinhos de qualidade e a maior procura turística estão a fazer com que as principais quintas durienses apostem na sua reabilitação.
Muitos são os turistas que, na época das vindimas, se deslocam à região para ver e participar nas lagaradas tradicionais.
Na região existem à volta de duas centenas de lagares normalmente rectangulares, havendo apenas dois redondos.
Este tipo de lagares remonta à época romana, povo que deixou na região vários vestígios de lagares e lagaretes.



Fonte: Jornal Expresso
Terça-feira, 9 de Out de 2007

1 comentário:

valter disse...

comé meu puto? xD
assim se ve a importancia de maquinisar os trabalhos pois possobilita a redução da mao de obra e a redução tambem dos custos que a vendima tras para os agricultores, tambem possibilita por vezes uma melhor qualidade nos produtos finais.
abraço puto

Jogo